Tuesday, February 27, 2007

14:00. 02:00 ou 04:00. Domingo ou não.

Podia ser domingo, mas era segunda-feira. Ou terça.
Duas da tarde, duas da manhã. Ou quatro.
Num quarto.
Escuro. Iluminado pelo clarão incessante de dois seres. Estranhos. Ou já não.
Nunca foram. Afinal.
A luz. Apagada.
Pedia-se. Tinha-se. Desejava-se. Conseguia-se.
O brilho dos olhos e dos sorrisos ofuscavam os silêncios.
Às vezes, bastam os silêncios.
Os corpos, vestidos um pelo outro, apresentavam-se sem pudores.
Num quarto. Às quatro. Segunda-feira? Terça? Domingo?
Era dia? Noite?
Era tempo? Espaço?
Vida...

Monday, February 26, 2007

Maior que o pensamento: Obrigado!

Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também

Em terras
Em todas as fronteiras
Seja benvindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também

Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também

Thursday, February 22, 2007

Quase dois dias podem ser eternidades...

NOCTURNO

O desenho redondo do teu seio
Tornava-te mais cálida, mais nua
Quando eu pensava nele...Imaginei-o,
À beira-mar, de noite, havendo lua...

Talvez a espuma, vindo, conseguisse
Ornar-te o busto de uma renda leve
E a lua, ao ver-te nua, descobrisse,
Em ti, a branca irmã que nunca teve...

Pelo que no teu colo há de suspenso,
Te supunham as ondas uma delas...
Todo o teu corpo, iluminado, tenso,
Era um convite lúcido às estrelas....

Imaginei-te assim á beira-mar,
Só porque o nosso quarto era tão estreito...
- E, sonolento, deixo-me afogar
No desenho redondo do teu peito...

Wednesday, February 21, 2007

Quod me nutrit me destruit...


O relógio não pára.. a vida não pára.. o tempo não pára.
Nas tardes frias, de Inverno, gosto de parar.
Parar o tempo, observar.

Sentir o calor das outras pessoas.
Algumas, desconhecidas.

Saber quem são. Descobrir. Partilhar. Descobrir.

Nas noites frias, de Inverno, gosto de parar.
Parar. E eternizar momentos únicos.

Saturday, February 17, 2007

E por vezes...

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos.

E por vezes encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos

E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes
ah por vezes!
num segundo se envolam tantos anos.

Thursday, February 15, 2007

O dia dos namorados, outros carnavais e cérebros desligados

As semelhanças entre o dia dos namorados e o Carnaval são por demais evidentes.
Com poucos dias de diferença, as duas datas são assinaladas de forma quase semelhante:
Ora, se no Carnaval (quase) todos se mascaram, também no dia dos namorados as máscaras são mais que muitas.
Num dos dias, é vê-los, a elas e eles, a transformarem-se naquilo que não são nos outros dias todos.
No outro dia, é vê-los, a elas e a eles, a fazerem aquilo que não fazem nos outros dias todos, e que deveriam fazer sempre.
Agora escolha: qual destes dias é o Carnaval?
Por outro lado, a Sábado desta semana revela um importante estudo sobre as mulheres.
Diz a edição que as mulheres são completamente diferentes do homem e que, pasme-se, desligam o cérebro durante o orgasmo.
Diz também a revista que as mulheres sentem muito mais o orgasmo que o homem, ser mais despreocupado no que ao sexo diz respeito.
Pois,
pena é, para elas, que os orgasmos não sejam eternos, múltiplos (e por aí fora, até completar o rol de fantasias...).
Pena é, para eles, que muitas elas, tenham desligado o cerébro num qualquer orgasmo de vão de escada e nunca mais o tenham ligado.
Se é que, alguma vez, o tiveram ligado mesmo.

Tuesday, February 06, 2007

Sem palavras...


Friday, February 02, 2007

O caminho da igualdade

A comovente relação de amizade entre Miss Daisy e o motorista Hoke foi mote, mais do que suficiente, para um noite maravilhosa no Rivoli.
Pela primeira vez em contacto directo com Eunice, percebi de que barro se fazem as grandes divas.
Com uma humildade admirável e uma simpatia impressionante, Eunice Muñoz presenteou a sala cheia com uma actuação nos limites do profano e com uma sabedoria ao alcance de quase ninguém.
Mas, mais do que a actuação de Eunice - e um aplauso imenso para o brasileiro Thiago Justino e para Guilherme Filipe -, Miss Daisy deixa marcas de e para sempre.
Apesar de já ter visto o filme com Jessica Tandy e Morgan Freeman, calquei ainda mais os caminhos da igualdade.
Que horrendo trilho seguimos, se não seguirmos este exemplo!