Thursday, May 11, 2006

Deixo-te esta Estrela

Esta é a Estrela de Bethlehem ou Belém (Ornithogalum umbellatum).
Uma raridade, nos tempos de hoje e de Sempre.
Dizem que terá sido esta a forma encontrada pelos Reis Magos para se perfumarem antes da visita ao Salvador.

Difícil de encontrar!

A distância e ausência são sempre dores quase inultrapassáveis.
Disseram-me, um dia, que sempre que olhasse para as Estrelas, lá estariam inúmeros pequenos guizos que me fariam sorrir.
Nunca mais me esqueci e, hoje, sempre que para elas olho, realmente sorrio.

Esta é também a forma de me deixar presente durante esta longa ausência: a maior desde o início da nossa Vida comum.

Dificilmente encontro outra forma de estar presente.

Reconheço ser difícil descobrir engenho capaz de colmatar uma ausência tão prolongada (ou mesmo que fosse menos duradoura).

Mas ainda assim, é sempre possível tentar.

Quando ausente, sabes que estaria aqui contigo. Sempre que me quiseres, aqui estarei, com o ar saloio de quem nada sabe fazer sozinho. De quem não sabe já viver sem ti.

Recordar-me-ei de ti vestida de vermelho, num curto, ainda que doce, espaço de tempo. Com sapatos de lua, definirei que és poesia para quem te ama.
Na cicatriz taciturna da noite, desvenderei os teus pecados mais mortais, cometidos em cantinhos de luz, presos por fios de organza.
Nas manhãs luminosas, caminharei nas calçadas vazias, procurando um qualquer sinal de ti. Os meus olhos gritarão em suores frios pela tua presença. Aos pés do Mundo, és a essência de veludo de um Homem só.
O sinal de fogo que transporto no dedo será a forma de me distanciar de qualquer sugestão. Qual repelente que afasta a geada dos cabelos.
Ao majestoso som da harpa que tocamos, vezes sem conta, em uníssono, recordarei noites, estas de suores quentes.
Arfando - de forma descompassada - ansearei pelo regresso.
Creio que, em breve, cá estarei de novo.
E, aí, regressarei ao sorriso louco de um adolescente.
Será, como sempre, um reencontro fogoso. A morte dura e pura de uma saudade inacabada.
Sei que, na ausência, mas sobretudo Sempre, és como uma Estrela de Bethlehem:
Única e impossível de igualar!

Até já!