Sunday, July 15, 2007

Praia

O Momento:
Final de Setembro. Ou ainda Agosto ou Julho. Ou mesmo Junho. Até podia ser Inverno. Primavera ou Outono. Outono sabia sempre bem. E Fevereiro também. O Mês. Final de Janeiro.
Desconheciam horas e meses. Dias e segundos.
O Desejo:
Uma praia. E a água. Revoltada. Serena. A Água.
Ondas que vinham. E iam sempre com saudade.
Mares tranquilos que se uniam ao céu. Azul. Como são os céus e os sonhos.
(Mesmo que haja sonhos sem cor).
Não sabiam a hora, mas devia ser final de tarde. Não enganavam os crepúsculos. Esses momentos em que os navegadores conferem a sua posição estimada, comparando a abertura esperada em graus com a observada do horizonte ao astro.
Céu limpo e brisas suaves. Calor humano e ventos que traziam gotas carinhosas, às vezes frias, que arrepiavam, contra os corpos. Quentes.
Línguas enroladas e sôfregas. Abraços que se confundiam e carícias sem destino. Pés que se misturavam e deixavam de ser próprios.
Afagos despreocupados e sedentos de destinatários. Que se desconheciam sempre. Amálgama de sentidos e corpos:
“Não sei que corpo mimo”.
“É o nosso”.
Idas e vindas ao sabor das marés. Risos. E abraços sempre. Uniões.
Desenhos no firmamento. Que se completavam nas cambalhotas que o Amor dá.
Gritos que se confundiam com as juras entre gaivotas.
Sorrisos que se permitiam e perpetuavam.
E marcas.
Marcas na areia.
Marcas de desejos.
De sentimentos e prazeres.
Marcas de movimentos bruscos.
E calmos.
E sempre harmoniosos.
Com ritmo próprio.
Com vida.
Marcas inapagáveis.
Que a maré não levaria.

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