Wednesday, June 20, 2007

O abraço

Tinha pensado num abraço logo na primeira noite. Que se descobriu depois que tinham passado de mão dada.
Na noite seguinte (que não foi a seguinte, mas que poderia ter sido), pensou de novo num abraço.
Mas não teve coragem de pedir. Ou achou que não era o momento.
Acreditava que o abraço era a forma de perceber se os corpos se conheciam e se queriam.
Quando se abraçaram percebeu tudo. Que sabia desde sempre. E em que acreditava. E que continuava a acreditar. Apesar de tudo.
Andavam perdidos nas ruas quando aconteceu. Ou melhor, já tinha acontecido antes, mas foi na escuridão da rua e das sensações que tudo se tornou nítido.
Ela disse-lhe que gostava de se deitar na relva. Debaixo das árvores e completar os espaços das folhas ou dos ramos.
Achou estranho. Mas percebeu.
Percebia sempre.
Dançaram até à madrugada dos sentidos. Apuraram-se e desejaram-se.
E despediram-se pouco depois, entre palavras tímidas, beijos e tremores.
E abraçaram-se. Finalmente.

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