Monday, August 06, 2007

Recordações da Lagoa da Paixão

Não sonhei contigo, mas recordei-me de ti e de uma fotografia. Perdida, como tantas que vagueiam sem rumo nesta memória ilusória. Pautada pelos desejos do vento.
Do vento que sentimos neste dia. E que tínhamos sentido na noite anterior.
(Não sei quantas noites foram).
Estava vento. Disso lembro-me. Estavas radiante.
(Como estás sempre que nos vemos).
Também me lembro.
Recordo-me do que disseste quando parámos. E do que disseste quando continuámos. Disseste para não parar. E disseste para não continuar.
Não querias continuar, mas também não querias que parasse.
(Nunca soubeste o que realmente querias).
Mas parámos. O carro.
E sentámo-nos. Perto e distantes. Distantes mas próximos.
Deste-me a mão e choraste.
(Choras sempre quando estás bem).
Nunca te tinha visto chorar daquela forma.
Começaste a falar de coisas sem sentido. As alterações climáticas preocupavam-te. Lembro-me agora.
Depois falaste da Lua e de como gostas da Noite. Dos teus amigos, que alguns são nossos, e da Vida que tinha sido nossa
(e que era, naquele dia, novamente).
Perdeste-te na Literatura dos teus Sentidos e deambulaste por Livros que nunca tinhas lido.
Alguns eram nossos. E outros eram teus. E outros não eram de ninguém porque não existiam.
Falaste sem parar.
Comias as palavras e abafavas os sons.
Dizias o que querias e o que não querias.
Vagueaste pela Matemática das Emoções e acendeste novo cigarro. Quando até tinhas deixado de fumar
(cigarros).
E falaste. E voltaste a falar. E comeste as palavras. E abafaste os sons.
E disseste para não parar. E para não continuar. E pediste que não. E disseste que sim.
E sorriste no fim.
- "Esta é a Lagoa da Paixão".

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