Tuesday, June 12, 2007

(desde) Sempre

O velho relógio da estação marcava 10:40. Por aí.
A luz (do dia) simbolizava o mesmo.
O sol rastejava para o topo e escondia-se pouco nas ráfias das nuvens perdidas.
Caminhava acelerado. E não estava atrasado.
Era um dia assim.
Parou.
Não estava cansado.
Uma silhueta luminosa tinha-o colocado atento.
Quem és? Pensou.
Recordou-se então de outro final de viagem. Julgava que há quatro anos.
De autocarro. Essa recordação. Essa viagem.
À época, chuva. Dia cinzento. Cores dispersas.
Mas a mesma sensação.
Quem és?
Seguiu-a.
Voltou a entrar na estação. Subiu. Para o comboio.
Só relances. Mas a direcção certa.
Sentia-a cada vez mais perto. Recordou-se dos cheiros de há quatro anos.
Lembrou-se da chuva.
E hoje havia sol.
Que não se escondia.
Começou a correr. Empurrões. Gritos. Quedas.
Serenou.
Tinha-a perdido.
Há quatro anos também.
Saiu do comboio. Em outra estação.
Regressou a pé. Tranquilo. Feliz.
Nunca se perde aquilo que se tem (desde) sempre.

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