Estranha forma de lucidez

(Deixas-me sempre assim).
Somos nós, acho. Que criamos essa estranha forma de lucidez.
Em que tudo é permitido. Ou quase.
Pediste-me um abraço.
Não recusei. Mas tinha fugido antes. Não sei porquê.
Não sei porquê.
Como se pode recusar um abraço?
Como se pode recusar o silêncio?
Como se pode recusar o calor do teu ventre?
O sabor do teu corpo?
A magia que se desprende do teu peito?
O brilho que os teus olhos emanam?
A harmonia dos corpos enrolados?
A certeza com que apresentas novas ideias e propostas?
(“Não devia ter-te dito isto”.
“Também já te fiz um pedido. E mais intenso ainda”).
Não fugi.
Não fugi.
Nunca quis fugir.
Quero ficar sempre.
E, mesmo quando saio, fico sempre.
Porque é contigo que se fundem os gritos.
Que se perdem os medos.
Que se cruzam os laços.
Que se soletra o verbo ficar.
FICAR!
2 Comments:
Inspiradíssimo... é a única palavra que me ocorre! AO
Brilhante, meu caro. A ideia que consegue passar a quem o lê é que, consigo, "laços" são sempre ligações demasiado frágeis para o seu universo. Consegue dar nós para prender as pessoas!
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