Sunday, May 13, 2007

Comboio das Emoções

Não era o Eléctrico chamado Desejo nem o autocarro para Sonhos.
É o Comboio das Emoções.
O dia clareava. A noite tinha sido intensa (as noites são sempre intensas, mesmo quando se dorme.
Sim e sei: "Não me deixes dormir. Peço-te sempre isso. Quero aproveitar tudo").
A música ainda andava no ar. As carruagens, meio vazias, meio cheias, transbordavam de prazer. Transportavam o prazer.
O sono queria vencer.
Mas a paisagem saía vitoriosa.
(Como se conhece melhor o Mundo dentro do Comboio das Emoções!).
O Sol aquecia. O corpo. Quente e protegido.
Fechavam os olhos. Abriam-se os corpos.
As partilhas, quando ainda era de noite (o dia afinal, agora, já clareava), tinham sido renovadas.
("Falámos de tudo").
De dia, voltaram a ser. São sempre. Com saudades. Sempre com saudades.
A velocidade prolongava o momento. Devagar. Lenta.
"Hoje só temos espaço, está bem?".
Não se tinham perdido. Nunca se perderam.
Nunca se encontraram. Conhecem-se desde sempre.
Sempre. Com saudade. Novamente a soletrar.
Apertavam-se com força (às vezes em demasia, mas até a dor é saborosa).
Agarrava-se para não cair. Para ele não fugir. Para ficarem sempre.
E ficaram.
Com marca.
(Ficam sempre).

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