Sunday, April 15, 2007

11 anos e um vestido vermelho

11 anos e um vestido vermelho. No sonho, tinhas 11 anos e um vestido vermelho.
A música, originária das velhas colunas de um carrossel, galopava-te nas veias.
Dançavas, livre, rodavas a saia, e todos paravam para te admirar.
Passavam por ti e tocavam-te, às vezes leve, outras fortemente, no cabelo (sim, no cabelo! Já nessa época era radiante).
Afastavas os elogios com um encolher de ombros. Eras livre.
A noite ou o dia (isso não me recordo. As memórias são traiçoeiras, dizem, às vezes), pertencia-te por inteiro.
Tinhas 11 anos e um vestido vermelho.
A música, cada vez mais intensa, se calhar até ruidosa (os sonhos nem sempre têm sons) galopava-te nas veias.
Foi nesse dia que te conheci (pelo menos, agora sei, começaram as certezas).
As tuas sardas confundiam-se com os ruídos orquestrais das velhas colunas.
O brio (ou seria o brilho?) depositado na romaria dava-te dose extra de confiança. Afastava a timidez (não, já não eras inocente).
Tinhas 11 anos e um vestido vermelho.
A música (que tanto gostas e te faz viver. Assim como a noite, que dizes ser tua) não parava. Nunca pára aquilo que nos faz sonhar. Galopava-te nas veias.
Ainda que de vestido vermelho, calçavas uns ténis. Precisavas de liberdade. Exigias conforto (da mesma forma que, hoje, exiges embalos).
Tinhas 11 anos e um vestido vermelho.
A musica, originária de umas velhas colunas de um carrossel, já nos galopava nas veias.
Espinho, aos quinze de Abril de 2007, às 12:45, depois do sonho da noite anterior. A cheirar o mar.

1 Comments:

Blogger molin said...

Se foi em Espinho, e esquecendo a cor do vestido da menina de 11 anos, podia ser um "Sonho Azul, Azul, Azul, da cor do mar... levei-o comigo..."

April 21, 2007 1:49 PM  

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