Monday, September 10, 2007

Anda. Gira. Procura o Sol

- Há quanto tempo plantaste estes girassóis?
Era uma pergunta sem significado. Daquelas que desbloqueiam conversas mas que ficam por aí.
- Quantos anos tens? Ou que fazes? Ou por onde andas?
Nada disso queria.
Queria conversar. A sério. Conversar.
- Estás bem? (e esperar pela resposta. Em angústia).
Lembrava-se de dias e dias de folia. De tempos em que era feliz e vivia bem com a idade. E com a felicidade. E que não era bem a mesma coisa.
E depois recordava-se do tempo em que tinha fobia de escrever. E do tempo em que tinha vício. Mais do tempo em que era viciado.
- Há quanto tempo plantaste estes girassóis?
(São girassóis, não são?).
E porquê o Dali na parede?
E porquê o cheiro de uma casa quase desconhecida mas que sabia a vida e a sempre?
(E a pão quente e a fogueiras).
(Comigo foi sempre assim).
E porque vamos sem pensar e ressacamos sem sentir?
- E há quanto tempo plantaste estes girassóis?
E depois a conversa continuava.
E até podia falar-se de chuva e de metáforas matemáticas.
- E como vais?
- E tens passado bem?
- E estou bem e tu também?
E como estão os girassóis? (Que raio de pergunta!).
E depois ela vinha e ia.
E ele também ia. E depois perguntava pelos girassóis.
E ela respondia e ele também.
Havia gritos mais audíveis que outros.
(Nem sempre os sons medem sentimentos).
- E então?
- E agora?
Que raio?
- Porquê os girassóis?
- Procuram o Sol.
- Obrigado.
- Também pelo Dali.
(E já nem falo nos elefantes).

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