Monday, March 26, 2007

Espera

Esperava sentado.
(É sempre melhor esperar sentado quando a espera é longa e dolorosa).
Aproveitava os minutos (todos os minutos, todos os segundos, todos os milésimos) para pensar.
Pensava nas ausências, nos desejos.
As conversas partilhadas inundavam-lhe o pensamento.
Sempre que pensava em gritos (dentro de bibliotecas em silêncio), acabava por sorrir.
Aliás, o sorriso era a partilha (os sorrisos são sempre partilhas).
No meio de um turbilhão de pensamentos, apetecia-lhe correr. Gritar. Depois abraçar.
Valia-se de uma estranha metafísica: a distância era compensada pel’aquela sintonia de que tanto falavam.
(Conseguiam estar juntos à distância. Havia, encantadamente, algo que os ligava).
Uma espécie de ligação umbilical.

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