Sunday, March 04, 2007

Alegre, Paredes e outras dualidades

“Com garra, com garra”, como escreveu o poeta Manuel Alegre para o maestro da guitarra portuguesa Carlos Paredes, foi o exigido hoje em Coimbra pelas 30.000 pessoas que lotaram o Portugal-Cazaquistão, de apuramento para o Euro2008 de futebol.
De regresso à cidade dos estudantes, da saudade e do Fado, depois da campanha “guerreira” no campeonato do Mundo da Alemanha, a selecção portuguesa de futebol voltou a encher um estádio e sentiu bem de perto o carinho dos adeptos lusos.
As mensagens de amor eterno, tão habituais nos poemas que compõem o Fado, mas também naquelas que os estudantes trocam entre si, foram desta vez dedicadas à equipa das “quinas”, necessitada de todo o carinho, depois da fracassada visita à Polónia (derrota por 2-1).
“Pode ser fogo, pode ser vento”, como disse também Manuel Alegre ao mago Carlos Paredes, foi outro dos desejos de Coimbra, exigindo aos “meninos” de Luiz Felipe Scolari o recurso às forças mais mágicas para ultrapassarem os ex-soviéticos.
As capas, no chão, e as guitarras de Coimbra – “a palavra por dentro da guitarra, a guitarra por dentro da palavra” -, sempre presentes, receberam a “Alma Lusitana” antes da partida e foram o suficiente para arrepiar os craques lusos.
“A garra por dentro da tristeza”, igualmente de Alegre para Paredes, fez esquecer a até agora titubeante campanha de apuramento, permitindo também que os milhares de “capas negras” esquecessem as tormentas do início do ano lectivo.
Ainda na “ressaca” da “Latada”, festa de recepção ao caloiro, as vozes, jovens, sobretudo, mas também de outras idades, aqueceram a noite de temporal e foram bálsamo animador para as ainda doentes almas dos jogadores portugueses.
Coimbra - mais que uma cidade, uma lição, e porque a selecção, mais que um clube, representa todo um país -, ofereceu um apoio incomensurável à renovada selecção lusa e foi, claramente, muita da luz que Portugal necessitava.

(15 Mar 2006)

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