Friday, September 21, 2007

Encantamento(s)

Descobri em tempos que foram hoje e são de sempre a Palavra. Sei e sabes e sabemos todos e mesmo que não queiramos vamos sempre saber que o(s) encantamento(s) é (são) de sempre e para sempre e sabes também que demonstras sempre esse(s) encantamento(s).
É recorrente.
Falas com desejo e com prazer adiado. Fugiste e não te arrependes. E no minuto seguinte estás arrependida. E querias ter sabido e se soubeste não queres mais saber. Ou queres.
Nem sei bem se percebeste e se não quiseste ficar. Não sabes bem se traíste e se não querias. E sabes que querias e não esqueceste. E falas e dizes e lembras e com saudade falas de novo e pensas e guardas esse desejo.
É recorrente?
E depois há as lembranças e as conversas e as trocas e os segredos e os risos partilhados. E porque não vamos só os dois? E vamos de novo e não sabes e estás baralhada e há encantamento(s).
E interessa pouco e agora e até amanhã ou quando lermos isto de novo e em voz alta e de mão dada nem sabemos bem que encantamento(s) é esse.
E quando te pergunto dizes que não respondendo que sim e foges e desvias e no meio e quando nada o espera voltas ali e ficas e gostas e não deves ter vergonha e porque não corres atrás dos riscos se queres e até acreditas e podia ter sido diferente não podia?
E sem vírgulas vais acreditando que agora é diferente e esqueces que podia ter sido igual e se até foi e não vamos mais por aí porque interessa pouco e sabes agora há e houve e será sempre assim.
Por isso é que há encantamento(s).

E como são 100 vezes 100 e vezes mais alguma coisa que será encantamento e que é mas também foi assim antes e mesmo antes de sabermos até quem eras. E quando nasceste tinhas os olhos fechados e não quiseste abrir.
E o Mundo já era teu e já o conhecias e não querias saber mais que te esperava. Era brilho de olhos fechados não eram palavras que rasgavam pálpebras nem facas que rasgavam cartas ou punhais que eram palavras.
Era o nascimento e a vida e o sonho que era viver assim e feliz e até encantada que não é de hoje nem podia mesmo ser porque não queremos e queremos lembrar e viver e até sair um dia que seja perfeito porque todos são.
E as palavras que nos cunham e cravam e ferem e deixam saudades são as mesmas que te fizeram conhecer a Palavra e não foi hoje nem no Verão anterior nem em outro qualquer porque são palavras que gritam e ficam e escrevem-se e dizem-se com sentimentos e até porque essa é a nossa Palavra e foi outro dia tudo e manteve-se e quiseste repetir.
E hoje é o 100 vezes 100 e vezes mais alguma coisa e multiplico em ti e por ti e até por nós que somos tu e eu num só a Palavra.

Thursday, September 20, 2007

Pequenas Explosões

- "Sinto pequenas explosões dentro de nós"!
Disse-lhe um dia. Um dia conselheiro do destino, como são os acasos. Os melhores conselheiros do destino. Dos destinos.
- "Só por dentro de ti rebentam flores", lembrou-se no imediato. E partilhou.
Há noites que começam com trânsito. Caminhos e banhos e depois distâncias partilhadas e saudades insaciáveis.
Pequenos toques ou olhares. Pequenos desejos e explosões. Mas antes. Sim. Antes.
Antes de tudo.
- "Não ralhes comigo hoje. Preciso muito de mimos".
E havia árvores. E até padres. E religiões.
E o profano abraçado ao sagrado. Porque todos os momentos são sagrados.
- "Continua. Desculpa. Mas quero. Fica. Fica".
E as conversas corriam a velocidades loucas. Como estava a noite.
- "E quero ir já". E ficaram. E ninguém vai e vamos todos e todos querem ir.
- "E podemos?".
E treinaram bem? E foram capazes?
Não. Não foram. Nunca resistem.
- "E queria descer a escada e beijar-te". E queria.
E dizia que sim. E queria de novo.
E foram? E não conseguiam abrir os olhos.
E novas explosões.
- "Já é de dia".
Pequenas erupções. Que fazem quere-los mais vida.

Monday, September 10, 2007

Butterfly on a wheel

Anda. Gira. Procura o Sol

- Há quanto tempo plantaste estes girassóis?
Era uma pergunta sem significado. Daquelas que desbloqueiam conversas mas que ficam por aí.
- Quantos anos tens? Ou que fazes? Ou por onde andas?
Nada disso queria.
Queria conversar. A sério. Conversar.
- Estás bem? (e esperar pela resposta. Em angústia).
Lembrava-se de dias e dias de folia. De tempos em que era feliz e vivia bem com a idade. E com a felicidade. E que não era bem a mesma coisa.
E depois recordava-se do tempo em que tinha fobia de escrever. E do tempo em que tinha vício. Mais do tempo em que era viciado.
- Há quanto tempo plantaste estes girassóis?
(São girassóis, não são?).
E porquê o Dali na parede?
E porquê o cheiro de uma casa quase desconhecida mas que sabia a vida e a sempre?
(E a pão quente e a fogueiras).
(Comigo foi sempre assim).
E porque vamos sem pensar e ressacamos sem sentir?
- E há quanto tempo plantaste estes girassóis?
E depois a conversa continuava.
E até podia falar-se de chuva e de metáforas matemáticas.
- E como vais?
- E tens passado bem?
- E estou bem e tu também?
E como estão os girassóis? (Que raio de pergunta!).
E depois ela vinha e ia.
E ele também ia. E depois perguntava pelos girassóis.
E ela respondia e ele também.
Havia gritos mais audíveis que outros.
(Nem sempre os sons medem sentimentos).
- E então?
- E agora?
Que raio?
- Porquê os girassóis?
- Procuram o Sol.
- Obrigado.
- Também pelo Dali.
(E já nem falo nos elefantes).

Elos


Ainda que a ferrugem teime em massacrá-los.
Ainda que a água os tente maltratar.
Ainda que as mãos procurem desprezá-los.
Ainda que roçar os faça chiar de dor.
São Elos... Inquebráveis

Foto retirada do olhares, como muitas outras (fica aqui o registo, tardio).